MANEIRA DE ORAR um dia desses quando lia acerca da história de Rute e Noemi, passei a refletir sobre a questão da fidelidade. Quanta fidelidade havia no coração de Rute! Como todos sabemos, Rute poderia muito bem abandonar a sua sogra e retornar à sua terra, à sua parentela. Afinal de contas, não havia nada que a impedisse de seguir o seu próprio caminho. Seu marido era morto e ela ainda jovem. Por que viver com sua sogra se não havia mais nada que a prendesse a ela? Que vantagem teria em acompanhar uma mulher idosa e sem esperanças? No entanto, Rute demonstrou a sua fidelidade, o seu afeto e o seu amor ao decidir permanecer com Noemi. “Disse porém, Rute: não me instes para que te deixe e me obrigue a não seguir-te; porque, aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rute 1:16). Ou seja, Rute não atentou para a sua vida, não foi egoísta, mas pensou em Noemi, no que seria de sua vida. Como sabemos, uma mulher viúva passava por grandes dificuldades financeiras. Basta lembrarmos das referências feitas à viúva de Sarepta. Rute decide ficar e abençoar a vida de Noemi com sua juventude, com a força de seu trabalho. Foi fiel ao posicionar-se desta forma, pois entendia que não podia abandonar a sua sogra em um momento tão difícil. Nos deparamos então com um clássico exemplo de fidelidade. E quanto a nós? Temos sido fiéis em nossos relacionamentos? Há em nós esta virtude? Notamos, no entanto, que grande parte dos relacionamentos são baseados em troca de interesses. Sou seu amigo porque você me concede alguns privilégios, estamos casados porque é vantajoso estar ao seu lado, e coisas semelhantes a estas. Ou seja, não vivemos a fidelidade em servir e caminhar junto. Fidelidade em estar ao lado de alguém que nada tenha para nos oferecer em nível material, mas que tenha um grande coração para nos acolher. Quanto a isto, notamos que grande parte das amizades gira em torno de interesses, troca de favores e privilégios. E aquele que nada tem a oferecer neste aspecto, muitas vezes é excluído, deixado de lado, abandonado, pois o grande fator que rege os relacionamentos é o interesse, a ambição, a ganância. Vemos pais preocupados em arranjarem para suas filhas um bom partido e não um homem de bom caráter. Para eles, o caráter não é relevante. O que é importante na verdade é uma boa conta bancária e uma carreira promissora. E logo em seguida, se deparam com mais um casamento de aparências e vivem a se perguntar porque sua filha é tão infeliz. Rute, devido a sua fidelidade foi honrada, casando-se com Boaz, e seu nome faz parte da genealogia de Jesus, o grande Salvador. Que sigamos o seu exemplo, que sejamos fiéis e não interesseiros. Que amemos as pessoas pelo que elas são e não pelo o que elas têm. Que haja em nós esta virtude e este coração. Pois agindo assim, seremos de fato filhos daquele que tem estendido sobre nós a sua fidelidade, pois nos ama pelo somos, pois ainda que não merecêssemos o seu amor, nos amou até o fim. Sejamos fiéis em tudo e em todo tempo.
Ioná Loureiro
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