Que outra mulher não gostaria de emprestar o seu ventre para o desabrochar desta semente que demarcou o tempo? Mesmo entre aquelas que defendem o aborto, haveria alguma que, sabendo de antemão o lugar que a história lhe reservaria, teria a coragem de mutilar o embrião pertencente ao filho de Deus e jogá-lo na lata do lixo? Não pretendo divinizar Maria. Ela não se constitui nenhum meio de graça para mediar a salvação. Não lhe sobreveio nenhuma virtude que a tornasse meio de acesso a Deus. Maria foi simplesmente humana, mulher, mãe exemplar, esposa dedicada, que teve o maior privilégio que ninguém jamais terá em qualquer tempo: introduzir entre os homens, o sumo sacerdote dos bens eternos. Mas também não pretendo tirar-lhe o mérito de ser a mais bem-aventurada entre todas as mulheres. Aliás, não estou sendo original. A Bíblia assim a descreve. Maria merece o nosso respeito e admiração. Merece estar no lugar onde a história lhe reservou. Merece ser amada, como merecem todos os seres humanos. Não é justo tratá-la com desdém. Nem menosprezá-la com adjetivos inadequados só para realçar a nossa fé em Jesus. Maria é Maria. Jesus é Deus. Maria dignificou o matrimônio, a família, a maternidade e alegrou-se na própria salvação provinda de Deus. Soube portar-se como mulher e se manteve perto de Jesus, com o seu cuidado amoroso, até que ele cumprisse o seu último ato antes da ressurreição. E nos dias que antecederam o Pentecostes, lá estava ela entre os demais irmãos, humilde, à espera do derramamento do Espírito. Maria, bem-aventurada. Maria, mãe de Jesus.
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