Aí esta semana vi um mendigo sentado no chão imundo de uma rua imunda no Largo do Machado, no Rio de Janeiro. Meu impulso inicial, lógico, foi fingir que não o vi, mas, motivado por alguma razão maior do que eu, parei, dei meia-volta e me agachei ao seu lado. Era um senhor de uns sessenta anos, barbudo, vestido de roupas cor de sujeira e com um cheiro muito, mas muito ruim. Ele estranhou eu ter me abaixado e arregalou os olhos, ajeitando-se um pouco no chão com os cotovelos. Eu me voltei para ele e perguntei:
- Desculpe incomodar, mas eu gostaria de ajudá-lo. O senhor quer algo?
Ele me olhou por alguns segundos, ainda um pouco atônito, piscou algumas vezes e respondeu com uma voz desbotada:
- Quero. Quero que as pessoas vejam que eu existo.
Passei algum tempo conversando com ele. E ele tem nome: é Juraci. Me contou um pouco da sua história de vida. Ficamos uma meia hora conversando. Ao final, paguei a ele um lanche e dei o endereço de uma igreja que sei que ajuda a ressocializar população de rua. Quando me despedi, ele agradeceu a comida sem me olhar nos olhos, acredito que por vergonha ou pelo pouco de dignidade a que ele ainda se atribuía, e me disse uma última frase antes que eu seguisse meu rumo:
- Mas sabe o que eu queria mesmo, seu Mauricio? Eu queria era voltar a ser gente.
Aquela resposta fez com que a única coisa que eu quisesse naquele momento fosse morrer de vergonha por tudo o que eu quero na vida.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
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