O
líder religioso, de cima do tablado, solta a pérola: “Lugar de crente é
na igreja. Não em festas”. No mínimo fanático, não acha? Mas tal
declaração tem fundamento (pelo menos para os legalistas): é
inadmissível o crente ter a sua imagem vinculada às festas regadas à
bebida alcoólica. Jesus gostava de festa. Certa vez, num
casamento, o bom andamento da comemoração estava comprometido porque o
vinho havia acabado. Foi então que o primeiro milagre de Jesus se
manifestou. Ele transformou água em vinho. A grandeza do milagre não
foi o sobrenatural em si. Mas o que ele causou: alegria aos que ali
estavam. Jesus não se preocupava com o que os outros pensavam a seu respeito. À
mesa do Mestre, sentavam-se prostitutas, publicanos, leprosos. Toda a
sorte de pecadores. Ninguém ia embora quando o vinho era servido. A
diversão era liberada. Os olhares julgadores dos fariseus que estavam
de fora refletiam a religiosidade morta da época. Talvez esse quadro
seja a nossa realidade hoje. A religiosidade mascarada de Evangelho nos cobra preço alto: o
gosto pela vida. O fardo pesado que muitos carregam dentro da igreja
pode não ser conseqüência da culpa e do pecado. Mas do legalismo
religioso. A boa notícia, entretanto, é que sempre há lugar para os
cansados e oprimidos à mesa de Jesus.
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