“Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal, e a iniquidade não podes contemplar. Por que olhas para os que procedem aleivosamente, e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele?” (Hc 1.13). “Porque tu não és um Deus que tenha prazer na iniquidade, nem contigo habitará o mal. Os loucos não pararão à tua vista; odeias a todos os que praticam a maldade.” (Sl 5.4,5). A beleza espiritual da alma consiste em sua conformidade com Deus. A santidade e conformidade com Deus são a honra de nossas almas. Por isso tudo o que está em nós e que é contrário a Deus suja a alma e a torna desprovida desta beleza espiritual pela falta de conformidade com Deus. Como Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, não é de admirar o quanto Ele detesta o pecado, porque foi o pecado que desfigurou esta imagem e semelhança. E o modo de agradarmos a Deus deve incluir portanto, que também detestemos o pecado tanto quanto Ele o detesta. E se por natureza nós estamos completamente sujos por causa do pecado, quem pode tirar uma coisa limpa do que está inteiramente sujo? Não admira portanto que mesmo no caso de cristãos, e no melhor deles, pode ser vista uma assumida carnalidade, pelo retorno ao domínio de uma mente carnal, caso este venha a negligenciar a necessidade da santificação diária, por um abandono dos hábitos que conduzem a esta santificação, como a oração, a meditação na Palavra, o autoexame com vistas à confissão de pecados e arrependimento, o louvor e a adoração, a comunhão dos santos, a vigilância, a diligência e a mortificação de pecados. Consequentemente é para todos os momentos da vida a advertência do apóstolo para que nos limpemos a nós mesmos de todas as poluições da carne e do espírito ( 2 Cor 7:1), porque há pecados que são internos e espirituais, como orgulho, amor-próprio, cobiça, incredulidade, e toda a poluição é resultante deles, e há também pecados carnais e sensuais, como gula, cobiça, impureza sexual etc. Assim, tudo o que houver de bom em qualquer homem terá sido proveniente de Deus que é a fonte de todo o bem, porque há no homem uma fonte de tudo o que é mau, que é o seu próprio coração do qual procede toda a sorte de males.
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