Com a maior votação já registrada em uma enquete no site da Câmara – foram computados 347.472 votos, o deputado federal Anderson Ferreira (PR-PE) viu seu projeto de Estatuto da Família ser repercutido nas redes sociais. A pergunta no site era se uma família somente poderia ser constituída por um homem e uma mulher. O deputado, que foi relator do projeto que defendia o atendimento psicológico a homossexuais, e que foi apelidado pejorativamente de “cura gay”, afirma que não esperava a repercussão, mas acha positivo o debate. Em entrevista ao ‘O Globo’, Anderson explicou que não quer enfrentamento com o movimento gay, mas acredita que uma minoria é que está ditando a opinião pública da maioria, contrária à adoção por casais homossexuais.
Questionado sobre a polêmica em torno da enquete, o deputado afirmou que vê a mesma como “o grito da sociedade” que está interessada em discutir um tema importante. “Faço parte da bancada evangélica e vejo a necessidade do governo ter ações mais eficazes para proteger a família porque ela é a base da sociedade. Está na Constituição que é dever do Estado proteger a família. Vemos combate às drogas, contra a violência a mulher, mas não vemos nada para proteger a família”, disse. O deputado também afirmou que o projeto endossa o que a Constituição entende por família. “Até hoje, pelo que sei, a família que lá está escrita é formada pela união estável entre um homem e uma mulher”.
Sobre a questão de pessoas que vivem sozinhas, independente da sua orientação sexual, e que segundo alguns juristas, são consideradas como uma família, o deputado declarou que se o “propósito é fortalecer a entidade familiar, como posso colocar uma pessoa isolada? O que está ocorrendo são decisões judiciais que vêm de uma única interpretação de um juiz, mas não são o sentimento de uma sociedade”. Ao ser questionado a respeito de quais seriam as ameaças para a família, a resposta foi clara: “A ameaça é uma minoria muito bem articulada pelos meios de comunicação que tentam ditar a voz da maioria. Na enquete, mesmo, teve várias campanhas de grupos GLBTs”.
Na entrevista, o deputado também foi confrontado sobre a campanha que grupo cristãos também fizeram em torno da enquete. “Há um direcionamento muito forte dentro da mídia que não comunga com a sociedade. Eu não vejo novela mas soube que existia um casal heterossexual que era todo desestruturado. Já o casal de gays foi apresentado como perfeito. No próprio governo você vê este direcionamento. Vários ministros do governo Dilma defendem a legalização das drogas, por exemplo. Outros defendem a legalização do aborto. Linhas de pensamentos que desconstroem a família. Onde o cidadão pode buscar ajuda de políticas públicas para estruturação familiar?”. Para o deputado é muito importante que existam campanhas que retomem os valores das famílias e valorizem práticas positivas nesse sentido. “Um governo, para ser bem sucedido, tem que colocar a valorização da família como primeira instância”, disse.
O deputado Jean Wyllys (PSOL – RJ) criticou o projeto afirmando que a família se modifica desde o século XVII e que é natural sua mudança, sendo assim, ter um único pensamento seria voltar no tempo. A resposta de Anderson Freire foi objetiva: “Se voltar no tempo é ter menos violência, menos tragédias familiares e desestruturação familiar, por quê não? Se for para voltar no tempo e ser uma família mais sadia, quem sabe não é bom rever os valores?”. “A questão da homossexualidade está ligada a desestruturação familiar. Isso é estatística, não sou eu que estou falando. Eu não concordo com dois homens e duas mulheres adotando uma criança. Como vai ser no ‘Dia das Mães’ e no ‘Dia dos Pais’ no colégio? O deputado Jean Wyllys vai defender seu ponto de vista na comissão que vai discutir o estatuto e eu vou defender o meu. Vamos ver quem vai ser aprovado”, concluiu Anderson Freire.
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