O pastor metodista Charles Robert Moore, 79 anos, aposentado das funções ministeriais, cometeu suicídio ao atear fogo ao próprio corpo na cidade de Grand Saline, no estado norte-americano do Texas. De acordo com a Polícia local, Moore deixou uma carta de despedida afirmando que sua morte era um protesto contra o racismo e uma forma de fazer justiça aos afro-americanos que sofreram com a discriminação no passado. Na carta, Moore afirma que muitos moradores da cidade que continuam vivos participaram de enforcamentos de negros no passado, e para que os crimes não fosse esquecidos, ele atearia fogo ao próprio corpo. Segundo o Christian Post, o pastor estacionou seu carro em frente a uma loja e despejou gasolina no próprio corpo para, em seguida, atear fogo. As testemunhas do suicídio disseram que fizeram esforço para apagar as chamas, mas os ferimentos foram muitos e profundos.Socorrido, o pastor foi levado ao hospital Parkland, em Dallas, mas não resistiu às queimaduras e faleceu. Larry Compton, chefe da Polícia da cidade de Gran Saline, concedeu entrevista ao jornal local Tyler Morning Telegraph, e afirmou que nem quando era investigador do Corpo de Bombeiros havia visto uma carbonização tão intensa.Em trecho da carta de despedida, o pastor descreve que testemunhou crimes contra negros desde sua infância: “Quando eu tinha uns dez anos de idade, alguns amigos e eu estávamos andando pela rua em direção a um riacho para pegar alguns peixes, quando um homem chamado de ‘Tio Billy’ nos parou e nos chamou em sua casa para tomar um copo d’água, mas seu real propósito era alegremente nos pedir para ajudá-lo a matar um ‘nigger’ [forma racista de se referir a negros] e colocar a cabeça em cima de um poste. Uma região de Grand Saline que era (e talvez ainda seja) chamada de ‘cidade polo’, é o local onde as cabeças foram exibidas. Passaram-se anos, antes que eu soubesse o que o nome significava”, escreveu o pastor Moore.“Vou completar 80 anos de idade, e meu coração está partido por causa disso. A América (e a proeminente Grand Saline) nunca se arrependeu realmente pelas atrocidades da escravidão e suas consequências. O que a minha cidade natal precisa fazer é abrir o seu coração e suas portas para os negros, como um sinal de rejeição aos pecados passados. Muitos afroamericanos eram linchados por aqui, provavelmente alguns em Grand Saline: enforcados, decapitados e queimados, alguns inclusive ainda vivos. A visão deles me assombra muito. Então, nesta data tardia, tomei a decisão de se juntar a eles, dando o meu corpo para ser queimado, com amor no meu coração, não só para eles, mas também para os autores de tal horror – mas especialmente para os cidadãos de Grand Saline, muitos dos quais têm sido muito gentis comigo e outros que podem ser movidos para mudar a situação aqui”, concluiu.
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