O crescimento dos evangélicos no país é creditado, no geral, à expansão promovida por igrejas pentecostais e neopentecostais. No entanto, há o que se chama “missão urbana”, que tem levado o Evangelho a guetos que as igrejas mais populares não alcançam. Entre os “missionários urbanos” que se comunicam na linguagem de seu público-alvo estão os pastores do gangsta gospel, que utilizam um segmento da música hip-hop para evangelizar. A jornalista Anna Virginia Balloussier publicou uma reportagem sobre o assunto em seu blog no site da Folha de S. Paulo traçando um perfil do antes e depois destes personagens encontrarem o Evangelho. “O gangsta –derivativo de gângster– conta a vida como ela é. E ela nem sempre era bonita”, explica resumidamente a jornalista. Um dos retratados na matéria é o pastor Ton, 36 anos, compositor de gangsta gospel e líder da Comunidade Profética Descendentes de Davi, em Guaianases, zona leste de São Paulo.“Sempre sonhei em fazer clipe que nem os gringo”, diz o pastor rapper, que gravou um clipe usando um Chevrolet Impala 1962, cor azul, estilo “lowrider” (carros rebaixados com sistema de suspensão a ar). Ton diz ter se inspirado nos clipes dos gângsters de origem mexicana: “Assim como os carros deles pulam na presença da [Senhora de] Guadalupe, quero que aqui pulem aos pés do meu Deus”, afirma. O salão alugado onde a igreja liderada por Ton funciona fica próximo a uma boca de fumo, e tem espaço para até 35 fiéis. Ele e sua esposa, a ex-prostituta e agora pastora Angela de Jesus, trabalham em suas duas lojinhas de salgados para se sustentar, e às vezes, cobrir o aluguel de R$ 600,00 do salão. Antes de optar por atuar nas “missões urbanas”, Ton frequentou a Assembleia de Deus, trocou de figurino e de corte de cabelo. Não se sentiu à vontade e decidiu usar a cultura em que cresceu para espalhar o Evangelho: “Entro em lugares que a música dos caras de terno e gravata não vai entrar”, explica.
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