Isto é uma experiência comum: quando alguém se converte sempre há este pensamento de como foi possível ter crido em conceitos tão fracos a respeito de quem é Deus, ou então como pôde resistir tanto tempo sem crer num Deus tão evidente na própria criação natural. Isto sucede porque enquanto o próprio Deus não abrir os nossos olhos, removendo as escamas que nos impedem de vê-lo em espírito, discernindo as coisas espirituais em sua luz divina, não podemos entendê-las, e por conseguinte, vivê-las. O evangelho não pode ser conhecido pelo homem natural, nem mesmo por aqueles que são dotados de grande inteligência, senão apenas por homens regenerados (nascidos de novo do Espírito) e santificados.
O diabo, com todos os seus poderes sobrenaturais, não é divino e não tem qualquer parte no evangelho. De igual modo, por maiores que sejam os dons espirituais do ímpio não justificado por Cristo, não pode existir nele qualquer graça do evangelho. Isto porque as coisas divinas só podem ser discernidas e vividas na luz divina, na comunhão do homem com a pessoa de Jesus Cristo. Por isso se diz que bem-aventurados são os puros de coração, porque eles verão a Deus, ou seja, os que têm sido santificados pelo Espírito Santo são os únicos que podem partilhar das revelações do evangelho, como ele é propriamente em sua natureza, graça e poder para a nossa salvação.
Mas como se obterá esta pureza de coração operada pelo Espírito Santo, se não formos antes, humildes de espírito, reconhecendo a nossa completa necessidade da graça de Jesus? Ao homem natural é dado se aprofundar no conhecimento do fundamento das coisas naturais, e isto tem sido comprovado pelo avanço da ciência natural e da tecnologia. Todavia, o aprofundamento no conhecimento das coisas espirituais é dado somente ao homem espiritual a capacidade para fazê-lo, e nunca aparte de Cristo, pela revelação do Espírito Santo, do significado prático do que se encontra registrado nas Escrituras.
“ Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente. Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais. Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Porém o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo não é julgado por ninguém.” – 1 Coríntios 2:12-15.
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