quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

A “cachorrinha” que comeu a migalha que Jesus deu.

Jesus, depois que saiu de Cafarnaum, cidade à beira mar, viajou cerca de 50 até chegar à região de Tiro e Sidom (o que hoje seria o Líbano), queria “entrar em uma casa” (conforme o que está no evangelho escrito por Lucas, no capítulo 7.24), “e não queria que soubessem que ele estava por ali”. Isto, talvez, pelo fato de que Ele pudesse estar cansado, uma vez que vinha de uma maratona de ensinamentos, curas e milagres, e pudesse estar querendo descansar por um tempo.
Alguém que o viu por ali, logo saiu a noticiar. Uma mulher cananéia foi acompanhando Jesus caminho a fora, e gritava por misericórdia, pedindo por sua filha que estava endemoninhada, e que estava sofrendo. Ao invés de atendê-la de imediato, como deixa claro o texto de Mateus 15. 21–28, Jesus resolveu ignorá-la. A situação pareceu tão intrincada, que os discípulos chegaram e pediram para que o Mestre a mandasse ir embora – o que seria menos constrangedor. A resposta dEle aos discípulos foi esta: “Eu fui enviado apenas às ovelhas perdidas de Israel”. Assim que Jesus responde aos seus discípulos, a mulher chega, o adora de joelhos dobrados, e pede: “Senhor, ajuda-me”. Jesus respondeu: “Não é certo tirar o pão dos filhos e lançá-los aos cachorrinhos”.
A resposta dEle parece arrogante, indiferente, ou mesmo impensada, pois, afinal de contas, Ele era compassivo, amoroso, misericordioso, e que não podia ver alguém necessitando de um milagre, que logo lhe conferia a benção. Mas o interessante é que a mulher não olhou por esse ângulo, muito pelo contrário, ela foi capaz de interpretar que Ele, embora estivesse fazendo uso de uma linguagem soberba, que era de uso habitual dos judeus, não era o que aparentava ser na circunstância.
Quando todos esperavam que a mulher fosse, no mínimo, questionar Jesus por causa do “linguajar hostil”, ela abre a boca, e, num tom de aceitação da alcunha, diz que, sim, “até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa de seus donos”. A Cananéia quis dizer que a obra que Jesus veio fazer, primeiramente, para os judeus era grande, e que o que ela pedia, por mais que fosse grande para ela, poderia ser considerado migalha perante a capacidade do poder do Senhor, como ela assim o chamou. Jesus, antes de impetrar a benção, enalteceu sua atitude, que demonstrou que ela tinha uma “grande fé”. Características da “cachorrinha” de “grande fé”
Possuir grande fé, não significa que o conteúdo da crença da mulher sobrepunha ao dos demais, mas que ela cria o suficiente para receber o que buscava – a libertação para sua filha que estava endemoninhada. A mulher tinha uma característica marcante, e que falta em muitos de nós, hoje em dia: ela não se envergonhava de ter um problema. Ela não se envergonhava de demonstrar que dependia de Jesus para resolver seu problema – pois ninguém dera jeito ao demônio, até então. Ela não se intimidava com a aparente falta de resposta de Jesus; ela não recuou, foi até a Ele e se ajoelhou, adorou e pediu.
Ela havia aprendido olhar as coisas a partir do que elas realmente são: por mais que a resposta de Jesus parecesse mal-educada, ela sabia que ele não era mal-educado. (Adendo: Será que estamos desistindo de Jesus pelo que uma circunstância diz a seu respeito? Os discípulos no caminho de Emaús, por falta de compreensão coerente de quem era o Jesus, estavam decepcionados e tristes com a morte do “profeta”; mas o Senhor mostrou a eles quem era de verdade – e o fez dentro das Escrituras Sagradas (Jo 5.39). Jesus agiu daquela maneira, não para testar a mulher, mas para manifestar que ela era mais do que uma mulher desesperada – ela era alguém que tinha uma fé que lhe conferia a benção almejada, independente das circunstancias, pois ela não parava no obstáculo da aparente rejeição.
Conclusão
O que Jesus fez para nos salvar foi o “prato principal da mesa”, que está numa camada superior (Jo 3.15,16 e Ap 3.20; MT 22.1–14; Hb 2.3). O que é pequeno, a “migalha” (o milagre, a cura, a libertação), basta que nos agachemos a Cristo para tomar posse! (Is 53.5: “pelas suas pisaduras fomos sarados”).

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