Brasília criou a primeira delegacia especial de repressão aos crimes por discriminação racial e religiosa. A delegacia passou a funcionar no mês passado para atender e investigar os casos de intolerância religiosa que estão acontecendo no Distrito Federal. O que resultou na criação dessa delegacia foi o crescimento assustador dos casos de intolerância e violência praticados contra membros de religiões de matrizes africanas. Estátuas de orixás foram destruídas, terreiros foram incendiados e outros crimes aconteceram contra a comunidade, gerando um alerta aos governantes. “Primeiro foram os incêndios aos terreiros, entre setembro e novembro do ano passado, depois, a depredação de estátuas e, por último, o ataque desenfreado a manifestantes que usavam vestes religiosos típicos, durante passeata de mulheres negras realizada em dezembro, na Esplanada dos Ministérios”, afirma o sociólogo Alessandro Medeiros ao site Rede Brasil Atual.
A delegacia irá realizar uma série de ações em parceria com outros órgãos para tentar coibir esse tipo de agressão. O trabalho em Brasília será semelhante ao que já acontece em outras delegacias do tipo que existem nos estados de Mato Grosso, Pará e Piauí. A coordenadora de Comunidades de Matriz Africana de Terreiros da Fundação Cultural Palmares, Adna Santos de Araújo, conhecida como Mãe Baiana, afirma que a delegacia especial é necessária porque as outras delegacias se negavam a registrar as ocorrências. “A instalação é importante porque, aonde íamos, as delegacias não queriam registrar os boletins de ocorrência que pretendíamos fazer. Já passamos por muitos problemas nesse sentido e, agora, temos onde fazer esses registros. Quando o governador (Rodrigo Rollemberg, do PSB) foi à minha casa, logo após o incêndio do terreiro do Paranoá, ele sentiu na pele a necessidade da criação dessa delegacia”, diz.
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