A proposta de descriminalização do aborto para casos de microcefalia não conta com o apoio da maioria da população, segundo pesquisa realizada pelo instituto Datafolha. O levantamento, realizado em 171 municípios do país, com 2.768 pessoas, descobriu que 58% da população entendem que as grávidas que foram infectadas com o vírus zika não devem abortar. Para 32%, as mulheres deveria ter esse direito, enquanto 10% preferiu não opinar. O relatório da pesquisa reforça que essa rejeição é majoritária inclusive nos casos em que, durante a gestação, os médicos constatam a microcefalia: 51% se mantiveram contra o aborto, enquanto 39% se posicionaram favoráveis.
Ainda não há uma prova definitiva de que o vírus zika seja o responsável pelo surto de microcefalia, mas os indícios colhidos até agora apontam nessa direção. De acordo com informações do jornal Folha de S. Paulo, essa indicação levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a decretar emergência mundial, tendo o Brasil como epicentro da doença, pois já foram confirmados 583 casos de microcefalia desde outubro, mais de 90% deles na região nordeste. O entendimento de que o aborto deveria ser um direito em casos de microcefalia só é maioria em uma faixa social: adultos com formação superior e renda familiar acima de 5 salários mínimos.
A discussão sobre a permissão para abortar foi retomada com o surto de microcefalia, mas a população continua sendo contra na maioria dos casos. A legislação atual permite o aborto em casos de gravidez resultante de estupro e também para anencefalia, quando o bebê não possui massa cerebral. A pesquisa também ouviu a opinião dos entrevistados sobre a responsabilidade pela propagação do vírus, e 93% dos entrevistados reconhecem que os moradores têm alguma responsabilidade pelo vírus – para 75%, “muita responsabilidade”. A população também entende que as esferas municipal, estadual e federal fazem menos do que deveriam para combater o mosquito aedes aegypti.
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