O Ministério Público Federal de Santarém (PA) denunciou um missionário evangélico por estar pregando para índios da etnia zo’é no território da tribo. Segundo a denúncia, o religioso levou alguns índios para a fazenda de um amigo para que eles participassem de uma oração. No processo há o nome do missionário, Luiz Carlos Ferreira, e do dono de um castanhal, Manoel Oliveira. A denúncia diz que os índios eram chamados para trabalhar no castanhal e ali eram evangelizados.
Oliveira empregava os índios na colheita de castanha, mas não oferecia um salário, dando panelas, roupas velhas, redes e outros utensílios como forma de pagamento. Ferreira foi acusado de “proselitismo religioso”, um crime que violaria o direito à “manutenção de culturas próprias”. Pela denúncia do MPF, o fazendeiro mantinha 96 indígenas trabalhando em sua fazenda em condições análogas à escravidão.
“Havia um acordo do missionário com o castanheiro. Os índios eram trazidos para a colheita e viravam alvo fácil para o missionário”, diz o procurador Luís de Camões Boaventura. O missionário seria um dissidente da Missão Novas Tribos do Brasil, entidade que foi expulsa pela Funai das terras dos zo’é em 1991. A Funai afirma que o grupo missionário tentava impor a cultura cristã para os índios e ainda diz que eles levaram doenças para os indígenas.
Após sair do grupo Missão Novas Tribos, Ferreira se filiou à Igreja Batista, porém o Ministério Público desconfia que ele continue como membro da missão que foi expulsa. A igreja Batista da cidade afirma que Ferreira se desligou do ministério há alguns anos. A Funai sempre vistoria a região e em 2010 e 2012 encontrou membros da tribo trabalhando no castanhal, por isso eles desconfiam que o trabalho escravo e o evangelismo acontecem a muito tempo. O órgão condena a evangelização de índios por dizer que ela traz impactos negativos para as tribos.
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