
Sem televisão em casa, Alexandre contou ter ouvido de vizinhos que o presidente Mamadou Tandjua e vários ministros haviam sido presos pelo militares. Há 10 anos no poder, Tandja, de 71 anos, dissolveu no ano passado o Parlamento e o Tribunal Constitucional e prolongou seu mandato por pelo menos mais três anos em um referendo realizado em agosto – o que vem provocando protestos. O brasileiro, que disse nunca ter presenciado nada semelhante no país, teme agora pelas iniciativas de ajuda ao país. “Não sabemos o que pode acontecer. Quem vai assumir agora junto com o sistema militar pode mandar ONGs e associações embora”, afirma.
De acordo com Alexandre, a organização em que atua, que atende a cerca de 1,2 mil crianças na capital e em outras oito vilas próximas, reúne outros 27 voluntários africanos – chamados de “obreiros” – e sobrevive de doações. São oferecidas refeições e aulas gratuitas de alfabetização em francês, marcenaria, dança e corte e costura. Um centro esportivo foi erguido na cidade de Mailo, a seis horas de carro da capital. Sem sede própria, o atendimento é feito na própria casa em que o brasileiro vive. Nesta sexta-feira (19), segundo ele, poucas crianças apareceram e a segunda refeição do dia foi cancelada. “Nas ruas não tem quase ninguém. As pessoas não querem se arriscar a fazer qualquer coisa.” Também nesta sexta, a junta militar que derrubou o presidente anunciou o fim do toque de recolher no país e a reabertura das fronteiras. Segundo o comunicado, ministros que foram presos junto com o presidente deposto devem ser soltos em breve. Tanques e veículos equipados com metralhadores seguiam espalhados pela manhã no bairro do palácio presidencial.
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