O padre jesuíta Luís Corrêa Lima diz em entrevista que a Igreja precisa manter um dialogo aberto com a comunidade GLBT para conhecer a sua realidade e passar a conviver com a diversidade sexual.
Lima relembra que no passado, gays, lésbicas e bissexuais viviam no anonimato ou à margem da sociedade e hoje junto com travestis e transexuais, exigem respeito e reconhecimento, e reivindicam direitos.
“A correta evangelização, portanto, é uma estrada de duas mãos, do intercâmbio entre a Igreja e as culturas contemporâneas. Nós só podemos saber o que a Palavra de Deus significa para nós hoje, e que implicações ela tem, com um suficiente conhecimento da realidade atual, que inclui a visibilização da população LGBT”, diz o padre.
Citando textos do Concílio Vaticano ele diz que é necessário um intercâmbio vivo e permanente entre a Igreja e as diversas culturas dos diferentes povos. E que uma carta do Vaticano aos bispos, em 1986 diz que nenhum ser humano é mero homossexual ou heterossexual. Ele é, acima de tudo, criatura de Deus e destinatário de Sua graça, que o torna filho Seu e herdeiro da vida eterna.
Se nos séculos passados o homoerotísmo era tratado como um pecado nefano e em outros tempos era um caso a ser julgado e condenado até mesmo à pena de morte, hoje a Igreja precisa ficar atenta pois o Conselho Federal de Psicologia proíbe as terapias de reversão.
Diante disso o padre defende a ideia de que não cabe hoje à Igreja encaminhar os gays a terapias de reversão ou para orações de cura, pois essas são formas escamoteadas de exorcismo.
“Algumas pessoas são homossexuais e o serão por toda vida”, diz Lima que em outro trecho afirma que “o conhecimento e a estima recíprocos são também o melhor caminho para o diálogo entre a Igreja e o mundo gay.”
Contextualizando a situação atual dos homossexuais no Brasil, que já aceita a união estável entre pessoas do mesmo sexo, o padre jesuíta acredita que ainda há um grande desafio a ser vencido pela comunidade GLBT.
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