A família é essencial porque nos conhecemos e nos desenvolvemos como seres humanos nos relacionamentos. A tarefa dos pais na educação é de levar os seus filhos de dependentes a interdependentes para que todos se cuidem mutuamente no ambiente familiar. Devemos, portanto, nos conscientizar desse papel e desempenhá-lo bem. Isto nos prepara para dar a nossa contribuição para que os relacionamentos sejam significativos em outras áreas da vida como na escola, no trabalho e na sociedade de modo geral. O relacionamento de José com os seus irmãos, registrado em Gênesis 37, 39-50, resumido em Gênesis 50.14-21, nos ensina lições importantes.
Para cuidarmos bem dos nossos irmãos é necessário que sejamos devidamente preparados. Isto inclui não apenas a ação educativa dos pais, mas a nossa disposição de aprender com as virtudes e os vícios, as vitórias e as derrotas que acontecem em toda família normal, como fez José: “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente em vida” (Gênesis 50.20). José, órfão de mãe, recebeu amor diferenciado do seu pai (37.3), mas este favoritismo, e a imprudência na forma como contava seus sonhos (37.5-10) despertou o ciúme dos irmãos (37.11) e por isso foi vendido como escravo (37.19, 23-28) e mais tarde foi parar na prisão (39.10-12, 16-20). Mas “o Senhor era com ele” (39.3, 21, 23) e por isso, ao invés de revoltar-se, foi aprendendo com as experiências e se preparou para importante função política (41.25-44) e para ser instrumento nas mãos de Deus para a preservação da vida de toda a sua família (50.20). A inspiração maior, no entanto, vem de Jesus que apesar da incredulidade dos irmãos (João 7.3-5), conquistou-os com o amor sacrificial da cruz e pelo poder da ressurreição ao ponto de fazê-los participantes da família de Deus (Atos 1.12-14; 2.1-4).
Outra forma de servirmos aos nossos irmãos é a prática do perdão, mas precisamos agir com sabedoria, como fez José. Ele procedeu de tal forma que levou os seus irmãos à consciência dos pecados cometidos (42.6-20) a ponto de dizerem uns aos outros: “Na verdade, somos culpados, no tocante a nosso irmão, pois lhe vimos a angústia da alma, quando nos rogava, e não lhe acudimos; por isso, nos vem esta ansiedade” (42.21). José já havia perdoado os seus irmãos, mas houve o momento em que tanto o pedido quanto o perdão foram verbalizados (50.15-18). A resposta de José foi magistral: “Não temais; acaso estou no lugar de Deus? (50.19)”. Todo pecado contra os irmãos é pecado contra Deus. Por isso, perdoamos como somos perdoados por Deus (Mateus 6.14-15). Sem a reconciliação, fruto do perdão mútuo, as obras de cuidado aos irmãos ficam vazias. Mais uma vez, Jesus é a nossa inspiração. Ele se fez semelhante aos irmãos para reconciliá–los com o Pai (Hebreus 2.17-18) e integrá-los na família de Deus, na qual é o primogênito (Romanos 8.29). Cuidamos dos irmãos quando zelamos pela sua saúde espiritual e emocional. José “os consolou e lhes falou ao coração” (50.21b).
Preparo, perdão e provisão são as práticas necessárias, que aprendemos com José, para cuidarmos bem dos nossos irmãos e criarmos nas nossas famílias um clima de justiça, paz e alegria. Tudo isto é possível pela graça de Deus que se manifestou em Cristo. Busquemos a Deus, de coração, como José, para que sejamos canais dessa graça para os nossos irmãos e para toda a nossa família, para que, à semelhança da família de Jesus (Atos 1.12-14; 2.1-4), também a nossa esteja integrada na família de Deus, unida no vínculo do calvário.
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