O Primeiro-Ministro de Israel recorreu, na última quarta-feira, à Bíblia para reafirmar o direito do seu país a Jerusalém, cidade disputada por judeus e palestinianos. Numa sessão parlamentar por ocasião dos 43 anos da conquista israelita, à Jordânia, de Jerusalém Oriental, Benjamin Netanyahu disse que “o nome Jerusalém e a sua versão hebraica Sion aparecem 850 vezes no Velho Testamento, o documento mais sagrado dos judeus”. “Recomendo-vos que verifiquem quantas vezes Jerusalém é mencionada nas escrituras sagradas de outros credos”, disse. Israel costuma referir-se a Jerusalém como a capital “eterna e indivisível” – designação que não é reconhecida internacionalmente. Os palestinianos reivindicam a zona Oriental como capital do seu futuro Estado. Jerusalém – destruída como capital dos judeus pelos romanos no século I – foi uma cidade cristã sob os seus sucessores bizantinos, até ficar, no século VII, sob domínio árabe muçulmano. Cruzados europeus recuperaram-na e ocuparam-na durante mais cem anos. Posteriormente, esteve 700 sob controlo islâmico, até que os britânicos, em 1917, derrotaram os turcos otomanos. Em 1947, quando os britânicos preparavam a descolonização, a ONU propôs que a cidade ficasse sob controlo internacional, como um “corpus separatum”. A proposta acabou por ficar sepultada com a criação de Israel: o Estado judeu ficou com a parte oeste e a Jordânia, com o leste, até à Guerra dos seis Dias (1967), altura em que passou para o domínio judaico. Ao todo, 750 mil pessoas vivem num município com limites definidos por Israel, mas sem reconhecimento internacional. Dois terços da população são de judeus. Os restantes são muçulmanos palestinianos. Jerusalém também é considerada a terceira cidade mais sagrada do Islão, atrás de Meca e Medina, porque tem a mesquita de Al Aqsa, numa praça venerada por judeus por conter os vestígios de dois templos de épocas bíblicas. Pressionado por um parlamentar da minoria árabe de Israel, Netanyahu ofereceu uma aula de religião comparada.“Jerusalém é citada 142 vezes no Novo Testamento e nenhum dos 16 nomes árabes de Jerusalém é citado no Alcorão”, disse. Netanyahu não citou, no discurso, as negociações indirectas com os palestinianos, que recomeçaram, sob mediação dos Estados Unidos, após um hiato de 18 meses, mas prometeu que Israel vai preservar Jerusalém intacta para si, assegurando “a liberdade de culto nos seus templos”. Israel proibiu, nos últimos anos, várias vezes os muçulmanos de rezarem em Al Aqsa. Cristãos da Cisjordânia também se queixam de dificuldades no acesso às igrejas hierosolimitas.
Fonte: Jornal de Angola
Fonte: Jornal de Angola
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