“Edir Macedo é um homem de 68 anos. De estatura baixa, com dedos deformados e escassos cabelos grisalhos, tem mais de 5 milhões de seguidores, cujas doações ao longo dos últimos 36 anos fizeram dele um bilionário. No Brasil, é uma grande figura nacional, mas se defende de dezenas de investigações criminais. É proprietário da Rede Record de Rádio e Televisão, um conglomerado de mídia que já é a segunda maior rede de televisão do país. Hoje é conhecido em quase todo mundo pelo título que ele escolheu para si: “O Bispo”.”
Começa assim a longa reportagem da revista Bloomberg Businessweek, com o título de The Billionaire Bishop [O bispo Bilionário].
A revista também traz um trecho do sermão pregado por Macedo em fevereiro numa de suas igrejas em Belo Horizonte, diante de 5000 pessoas. “Qual é o maior país do mundo, economicamente falando? É a América, os Estados Unidos. Você sabe por quê? Por que antigamente, conta a história, você pode procurar na internet, a colonização foi feita por homens que acreditavam na palavra de Deus. E eles eram dizimistas. É por isso que está escrito na nota de dólar: “nós confiamos em Deus”… Nossa cultura é retrógrada, uma cultura mesquinha, uma cultura sem visão de futuro. Só você pode mudar essa situação. O dízimo é você no altar de Deus, assim como Jesus era o dízimo de Deus para a humanidade”.
Contando parte de sua vida, com origens humildes, Macedo é apontado como um modelo de sucesso em seu “ramo de atuação”. Porém, a revista não é só elogios. Lembra vários processos em que a Igreja Universal do Reino de Deus, e seus líderes, respondem por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e transferências internacionais não declaradas de dinheiro.
Silvio Luís Martins de Oliveira, um promotor de justiça em São Paulo, foi ouvido pela reportagem e chamou a igreja que promete riquezas de “fraude”. ”Os pregadores fazem uso da fé, desespero ou da ambição deles [seus seguidores] para vender a ideia de que Deus e Jesus Cristo olham apenas para aqueles que contribuem financeiramente com a sua igreja”, afirma Oliveira na denúncia criminal. A Bloomberg, conceituada revista de negócios, tentou uma entrevista em pessoa, mas diz que Macedo negou, mandando apenas um e-mail, em que escreve: “Do ponto de vista da minha fé em Jesus Cristo, sou o homem mais rico do mundo.”
O Bloomberg Billionaires Index estima sua fortuna em US$ 1,2 bilhões, onde a maior parte está investida na rede Record, que reúne canais de TV, emissoras de rádio, três jornais, uma editora, uma gravadora, sites na internet, uma produtora de cinema e até mesmo um banco. Fruto do desenvolvimento de um negócio que lhe custou US$ 45 milhões em 1989 e foi financiado por um “empréstimos sem juros” da Igreja Universal. Lançada como “a primeira rede de TV evangélica do país”, para os promotores ela não é diferente das outras e por isso abriram uma ação contra ele em 1997, na tentativa de caçar a licença de radiodifusão da Record, alegando que a Constituição do Brasil proíbe instituições religiosas de possuir estações de rádio ou de TV.
Nenhum comentário:
Postar um comentário