Desde que começou a troca de acusações e ameaças de morte na verdadeira “guerra” envolvendo José Júnior, coordenador do grupo AfroReggae e o pastor Marcos Pereira. Após muita especulação e poucas provas Marcos está preso, aguardando julgamento e José, protegido pela polícia. O jornal carioca “O Dia”, denuncia que as ONGs instaladas nos Complexos da Penha e do Alemão são uma “mina de ganhar dinheiro. Aliás, muito dinheiro”. O motivo da separação dos dois ex- amigos que trabalhavam juntos para resgatar usuários de drogas, é por causa de um montante perto dos R$ 20 milhões por ano.
São recursos públicos e privados investidos num tipo de trabalho que rende inclusive dividendos políticos. Famoso pela conversão de traficantes na cadeia, Marcos Pereira teve lugar de destaque na gestão dos governadores evangélicos Anthony e Rosinha Garotinho. Quando José Júnior deu início a um bem-sucedido projeto para arrumar emprego a ex-detentos, sua influência passou a chamar atenção.
O “racha” definitivo ente o líder da Igreja Assembleia de Deus dos Últimos Dias e o coordenador do AfroReggae ocorreu em 2010, durante a ocupação do Complexo do Alemão, já no governo de Sérgio Cabral. Segundo “O Dia”, José Junior quis atuar como uma “ponte direta com os criminosos”, o que teria gerado ciúmes em Marcos Pereira, que passou a dizer que ele, na verdade “era homem do governo no Alemão”.
A partir de então, os líderes da comunidade começaram a questionar o volume e a distribuição de recursos obtidos pelo AfroReggae. Por exemplo, foram R$ 3,5 milhões do governo estadual para José Junior. Caso fosse dividido entre as 14 associações de moradores, a verba poderia alcançar um número muito maior de crianças e adolescentes. Desde que Cabral assumiu, Marcos Pereira perdeu vários contratos oficiais com o governo. O último foi em 2012, quando a Secretaria Estadual de Ação Social e Direitos Humanos cortou a verba dedicada ao atendimento dado pela igreja do pastor a dependentes.
O conflito entre os dois chamou atenção da mídia e de grandes chefes do tráfico como Fernandinho Beira-Mar e Marcinho VP, que teriam sido responsável pelos ataques a sedes da ONG. Desde que foi divulgado sua “sentença de morte”, o coordenador do AfroReggae anda com proteção de um bom aparato policial.
Ao falar sobre pastor Marcos Pereira, Júnior ataca: “Ele é o responsável por várias coisas erradas. É um cara muito perigoso, que mistura religião com o tráfico. Ele deixa o bandido duro, enquanto fica com o dinheiro… Ele envenenou os caras (traficantes), espalhou que eu era informante da Subsecretaria de Inteligência, articulou tudo só por ciúme. Não tolerava ver que as pessoas não iam mais para a igreja dele, iam para o AfroReggae”.
Ele vai mais longe, fazendo uma grave denúncia: “Tenho uma gravação com o cara contratado para me matar. Combinei que só vou mostrar o conteúdo quando ele (o matador) morrer. Mas posso te dizer: foi o Marcos quem articulou tudo. Essa é uma guerra que não era dos traficantes, mas ele achou gente disposta a fazer o serviço… os bandidos que tem aqui são estagiários perto dele.”
Segundo a rádio CBN, os chefes do tráfico como Fernandinho Beira-Mar e Marcinho VP declararam à justiça, em depoimento na semana passada, que o embate entre Marcos Pereira e José Junior é parte da uma disputa política. As acusações envolvem partidários de Antony Garotinho e Sérgio Cabral e seria uma “prévia” da campanha eleitoral de 2014. O pastor, por sua vez, alega inocência, afirma que segue evangelizando na cadeia, e já retirou os processos que tinha contra José Júnior.
Enquanto isso, 15 parlamentares se reuniram hoje com o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame. O assunto é justamente discutir a investigação da Polícia Civil que levou à prisão de Marcos Pereira. A conversa foi encabeçada pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, o também pastor Marco Feliciano (PSC-SP). Nenhuma notícia oficial foi divulgada ainda sobre os resultados da reunião. Alguns dos deputados são evangélicos e pedem explicação sobre a manipulação das testemunhas e o uso de provas ilícitas por parte de pessoas que trabalham no AfroReggae. Há uma gravação deles oferecendo casa e trabalho para convencer um homem a depor contra o pastor.
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