Judas
negociou seu Mestre por trinta moedas (valor de um escravo). Apenas
trinta! Podemos pensar ou questionar: “Que traição! Isto é revoltante!
Jesus era tão Bom, tão Justo, tão Amoroso... como pôde Judas agir
daquela forma?”. Se Judas fosse submetido a um tribunal, tendo a
qualquer um de nós como julgadores, a condenação por traição seria
certa - e a sentença - a morte! O fato é que geralmente somos espiritualmente precisos quando se trata
de apontar e condenar os erros dos outros, e fortuitamente míopes para
encontrar os nossos, ao ponto de não percebermos, como disse Jesus, a
trave que está diante dos nossos olhos! Quantas moedas temos recebido, todas as vezes em que, inocentemente,
trocamos o nosso Mestre por outra coisa (certamente de menor valor),
mesmo sabendo que o Seu valor é imensurável? Quantas moedas temos
recebido quando, embora nos auto-intitulando 'Seus seguidores', abrimos
mão do privilégio de nos alimentar somente da Sua Palavra? Em que
estamos investindo, ao empregar nossos recursos em fábulas sincréticas
e delírios espirituais, os quais, entre nós - cristãos - se reproduzem
aos montes? Por exemplo, as Moedas da euforia espiritual, ilusória e
delirante, cujos dividendos são a vida cristã débil de algumas Igrejas
de hoje, ou, quando não travestidas de legalismo, estão mergulhadas em
estranhas crendices. Por outro lado, há quem se comova com a morte bárbara de Jesus na cruz
(ação graciosa e eficiente que pela fé nos salva totalmente de qualquer
condenação), mas acredite que mesmo depois de tudo o que Jesus fez,
ainda é preciso boas obras para garantir a salvação, ou mesmo mantê-la
- contrariando a pregação de Cristo de que só há salvação através da
Sua morte. Fora de Cristo não há salvação, apenas fábulas e fúteis
conjecturas! Muitos dentre nós até declaram gostar de Jesus, das Suas palavras, e
por isso se dizem cristãos, mas interiormente agem como quem anula os
efeitos espirituais do Seu sacrifício na cruz. Acreditam, erroneamente,
que para serem salvos, a morte de Cristo na cruz não foi suficiente.
Assim pensam os que dizem: "para ser salvo é preciso fazer por onde..."
Ora, o que é isto, senão substituir o extraordinário e caríssimo
sacrifício de Jesus por ínfimas moedas? Os tempos são outros, mas as traições a Cristo continuam, em princípio,
as mesmas. Hoje, mudam-se apenas as moedas (os meios) e os Judas (os
traidores)... Algumas vezes, em nada nos diferimos de Judas. Precisamos ser honestos
para reconhecer que temos barateado o que não tem preço. No passado,
foram apenas Trinta Moedas. Hoje, elas são inúmeras e imperceptíveis...
Diante disso, estejamos não apenas atentos, para identificar por quais
moedas temos trocado Jesus, mas arrependidos para acertar nossas contas
com Ele, sob o risco de, como Judas, estarmos ao ponto de dar cabo das
nossas vidas... por tão poucas moedas.
Boa páscoa, e que o Senhor nos fortaleça!
Rev. Ricardo César Vasconcelos
Boa páscoa, e que o Senhor nos fortaleça!
Rev. Ricardo César Vasconcelos
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