O Livro de Jó é um das leituras mais fascinantes da Bíblia Sagrada. Ele introduz uma quebra de conceitos na lógica da prosperidade do pensamento legalista. Fez tudo direitinho? então você prospera. Pisou na bola escondido? pois Deus está batendo a sua porta para cobrar. Sua família veio de grandes pecadores? então você nunca vai sair da miséria ou pobreza. Jó destoa. Desconcerta. Chama atenção para um ponto interessante: O justo, depois da prova, passa conhecer melhor a fragilidade da justiça humana enquanto alcança uma posição mais alta na comunhão com Deus.
Regra geral: Guarda com sinceridade os mandamentos e Deus vai prosperar você. A bênção calçada pelas obras, e as obras ditadas pela Lei. Legalidade e prosperidade. Automático. Regra distorcida: Sua prosperidade depende de quanto você abre seu bolso. “É dando que se recebe”. A regra de ouro dos corruptos atuais. Em um ambiente de pessoas fragilizadas por necessidades de graus diversos, profetas caídos correm atrás do prêmio de Balaão, explorando a fé e o bolso de quem precisa de uma solução de Deus. Jó era um legalista, religioso, que a princípio pensava que um modo santo de viver sustentava a prosperidade de um homem. Ele ainda não sabia que a justiça humana era ínfima diante da santidade de Deus. Quando entrou em crise e perdeu tudo, imaginou que Deus miséria. Seus conceitos de vida foram colocados em cheque, e ele nunca imaginou que o causador de tudo aquilo era o diabo. E Deus não julgou importante lhe revelar isto.
Os três amigos de Jó eram tão religiosos como ele. Julgavam que Jó tinha algum pecado escondido e que sua sorte revelava uma grande hipocrisia. Depois de ver a morte de todos os filhos, a perda de toda prosperidade e por fim a saúde da esposa foi pragmática: Amaldiçoa este teu deus e morre. Ela deve ter concluído que tanta má sorte em tão pouco tempo era pelo abandono divino. Então, depois de Jó ter chegado ao limite sem ter desistido, Deus olhou para Jó e se compadeceu. Mas, antes de devolver em dobro tudo que o diabo levou Deus também decidiu questioná-lo. E lhe mostrou que seu conhecimento da consciência de Deus era nada.
–Eis que sou vil; que te responderei eu? A minha mão ponho na minha boca, respondeu Jó. E depois de ter tratado com Jó, Deus apareceu para Elifaz e o reprendeu. Mandou que ele avisasse os outros dois que levassem sete bezerros e sete carneiros para oferecer sacrifício na casa de Jó, e se humilhassem diante dele. Somente com a oração de Jó, Deus perdoaria a loucura das palavras dos três. No final, Deus deu em dobro tudo que o diabo invejosamente tirou de Jó. O dobro do rebanho, sete filhos e três lindas filhas. Jó agora não era o mesmo homem; já tinha renovado seu entendimento sobre quem era e quem era Deus. Ele tinha aprendido que Deus pode permitir a perda, como também se for da vontade dele, restituir tudo em dobro. Para que isto aconteça, você não deve desistir de orar nem de acreditar em Deus. Eu sei disso por experiência própria.
Continue firme!
A perda da prosperidade, a doença, o desemprego, enfim os dias maus, o vale da sombra da morte pode vir tanto para o ímpio quanto para o crente. As obras de justiça escritas nos livros de Deus não servem moeda de troca para negociar com Deus.
Andar direito com Deus é um dever de cada um. Dar tudo o que lhe resta para um pastor desonesto não é garantia aceita por Deus para lhe garantir prosperidade. Isto na maioria das vezes não funciona. E quando funciona é porque Deus é bondoso e teve compaixão de ver você caindo no conto do “vigário”. Quero terminar dizendo que no capítulo 12 do Livro de Romanos está escrito: E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. E quando Deus quer que deixemos de ser meninos no entendimento e nos tornemos cristãos maduros, ele nos trata como um Pai, que corrige os filhos para que cheguem à maioridade espiritual. Em tempos em que o “ter” é mais valorizado que o “ser”, isto é bem difícil de entender.
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