“E bem-aventurado é aquele que não achar em mim motivo de tropeço” (Mateus 11:6). Encontramos muitos motivos para tropeçar em nossa caminhada: o amigo que trai, a perda da pessoa amada, o patrão que demite, o líder que decepciona, entre tantas outras coisas nas quais dificilmente alguém nunca tenha encontrado razão para cair. Na verdade, não é nem um pouco difícil encontrarmos tais motivos de tropeço quando confrontamos o mundo em que vivemos e as pessoas que nele vivem, e se formos bem honestos nos incluiremos entre essas pessoas.
Nosso estilo de vida competitivo, ambicioso, capetalista (sic) e egoísta nos conduz ao instinto animalesco de preservação do domínio conquistado, ou que pensamos ter conquistado. A partir de então, para manter o status, o cargo, a imagem, o primeiro lugar, vale tudo: desde uma simples mentirinha, a uma ação desleal; da compra ou venda de um produto pirata, a uma fraude fiscal milionária; de um comportamento anti-ético, ao ato de contratar um pistoleiro para executar o semelhante que está próximo demais. Por mais pequeno que seja o crime praticado, um grande problema será originado: a ideologia permissiva de que tudo está certo, desde que ninguém fique sabendo de nada.
Diante disso, difícil é não encontrar motivos de tropeço entre os homens! Mas porque encontraríamos motivo para tropeçar em Cristo? Por qual de seus atos de amor cairíamos em desgraça? Por qual de suas palavras de vida deixaríamos de ser bem-aventurados? Como poderia, Jesus, ter causado tropeço a alguém? Creio que a resposta está no nosso senso de direção relacionado ao efeito do mal que praticamos. Praticamos o mal pensando que assim nos daremos bem; que os outros é que tropeçarão nas ciladas que armamos; que nossas mentiras nos protegerão; que nossas atitudes fraudulentas nos proporcionarão o sucesso desejado. Quanto engano!
Jesus jamais praticou coisa má para qualquer homem ou mulher. Mas quem fez mal a Ele, nEle tropeçou. Os líderes judeus pensaram ter feito Jesus tropeçar. Entregaram-no às autoridades romanas forjando um julgamento absolutamente injusto, compraram falsas testemunhas, manipularam o povo e traíram sua própria fé, pois tudo o que Cristo fez foi trazer vida e verdade a fé que aqueles mesmos homens diziam defender. Eles não imaginavam que enquanto intentavam matar Jesus, matavam primeiro a si mesmos. A esse respeito já havia profetizado Isaias (Is 8.14): “Ele vos será santuário; mas será pedra de tropeço e rocha de ofensa às duas casas de Israel, laço e armadilha aos moradores de Jerusalém”. O verdadeiro efeito de nossa maldade não se dá em direção a quem queremos mal. Ele se dá em nossa própria direção. Nossa maldade poderá lesar física, mental, espiritual ou financeiramente alguém. Mas seremos nós os verdadeiros lesados, pois quem recebe o mal, com grande ou pequeno esforço se livrará naturalmente dele, todavia quem o pratica é seu escravo.
Ainda hoje, encontramos motivos de tropeço em Cristo quando dizemos “não” à vida, “não” ao próximo, “não” à terra. Quando a importância que damos aos lucros esta acima da ética e do valor da vida. Foi o próprio Mestre quem disse ser a vida. Não só vida espiritual, não vida religiosa, mas toda vida. Vida pela qual tudo que existe se fez. Vida da qual o ateu, mesmo vivendo, diz não haver. Não se pode amar a Vida sem amar a Cristo, nem se pode amar a Cristo sem amar a Vida, pois são intrínsecos e inseparáveis, uma só essência. Bem-aventurados seremos ao nos doarmos em favor da justiça, da paz e do amor. Encontraremos a vida ao perdê-la em seu favor. Encontraremos a felicidade ao sentirmos sua dor. Quando assim for, a mesma pedra em que temos tropeçado nos será por fundamento sólido de toda bem-aventurança.
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