Em um dos dias em que Jesus resolveu voltar para sua casa, que ficava localizada em Cafarnaum, alguém que presenciou sua chegada contou para outro, que repassou a um terceiro, um quarto, um quinto, de modo que, de repente, o Mestre se viu envolto por uma multidão de pessoas. O lugar estava tão apinhado de gente, que o texto bíblico de Marcos 2, relata que se tornara impossível até mesmo de se aproximar da porta da casa. Aproveitando a presença da multidão, Jesus, como sempre, passou anunciar a Palavra, falando a cerca do Reino de Deus. Quando parecia que mais ninguém iria chegar a casa, eis uma surpresa: surgiram quatro homens trazendo um paralitico. Eles vieram ávidos para ver Jesus fazer um milagre na vida daquele homem. Mas começaram a enfrentar uma série de desafios. Entende-se por desafio, aquelas dificuldades que, quando vencidas, nos levam a conquistas, e não àquelas que não nos levam a lugar algum.
O primeiro desafio enfrentado por aqueles homens foi o da indecorosa falta de delicadeza das pessoas que cercavam a Jesus, e que não abriram espaço para que passassem com o paralítico. Essas pessoas viam apenas quatro homens trazendo um paralitico, e nada mais. Mas eles não desanimaram aí, foram em busca de um meio para que pudessem fazer chegar o paralítico até o mestre. Jesus sabia que eles estavam ali, e sabia da intenção deles, e sabia que o paralitico seria curado; mas não interrompeu seu sermão, e se quer pediu para que as pessoas abrissem espaço para se fazer chegar a ele o paralitico.
Quando viram que por baixo não dava, resolveram tentar por cima. O interessante é que não divergiram entre si sobre a maneira que ia ser usada para fazer chegar o paralitico a Cristo. Quando estamos movidos pela fé e usando a solidariedade, a divergência perde espaço, e nossa união acaba gerando a força necessária às realizações. Eles subiram por uma escada que havia sido construída junto à parede, conforme o costume imobiliário da época, e abriram um buraco no telhado da casa de Jesus, e fizeram descer o paralitico até Ele. Outra coisa interessante é que eles não pensaram em esperar a multidão sair, para que pudessem levar o paralitico até Jesus. Quem está movido pela fé, faz da solidariedade uma urgência. Quando desceram o paralitico, Jesus não olhou primeiramente para o paralitico, mas olhou para os homens e, vendo a fé deles, perdoou o pecado do homem e de quebra ainda lhe curou a moléstia.
Jesus espera que homens (e mulheres) se encham da fé. Os necessitados precisam disso. Quem anda cheio de fé faz coisas que parecem loucura, que fogem à normalidade, que gera motivo de questionamentos, mas esse tipo de gente é vista por Jesus, e tem seus esforços e atitudes recompensados por ele. O ato da cura do paralitico se deu só depois de Jesus ver a fé dos homens que o trouxeram. Numa colocação bem simples, eu diria que Jesus não curou o paralitico, apenas recompensou a fé dos homens que o trouxeram.
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