Pastores se dedicam no gerenciamento da igreja/empresa em busca do crescimento/lucro. Membros/clientes buscam saciar seus desejos de ascenção social, de alívio das tensões,de conflitos interiores através de uma mensagem que serve apenas para atenuar sintomas de doenças mais profundas. Uma igreja/empresa com um ambiente místico repleto de orações fortes (com promessas de soluções rápidas atribuindo o mal ao outro), com uma boa infra-estrutura (estacionamentos, berçários, cadeiras estofadas) em troca de alguns sacrifícios financeiros parece ser uma lógica boa para a empresa, para os gerentes e para os clientes. Nem mesmo igrejas históricas escapam ilesas, e nem poderiam, da influência do espírito da época. Em meio a várias discussões sobre a igreja evangélica e seus subprodutos do mundo gospel. Percebe-se uma unanimidade sobre a influência do liberalismo econômico na teologia, da visão fragmentada da realidade e do individualismo. A igreja atual é cada vez mais empresarial. Há uma preocupação com a concorrência por isso a necessidade de técnicas de marketing e um elaborado planejamento estratégico. Gurus das mega-igrejas vendem sua fórmulas de sucesso para sedentos pastores-administradores. As propostas diante desse quadro se situam em mudanças cosméticas (liturgia diferenciada, trabalho dirigido a tribos urbanas, novos produtos de entretenimento). Ou mudanças estruturais (igrejas com propósitos, células, pequenos grupos). Evidentemente apesar da necessidade de algumas mudanças sejam cosméticas ou estruturais falta o essencial, voltar à mensagem do Evangelho da Graça. Cristo não procurou reformar a religião judaica e também não criou uma nova instituição. Na Igreja de Jesus cabia fariseu como Nicodemus e José de Ariamatéia, publicano como Mateus e zelote como Simão. As instituições sempre estarão aí nos seus diferentes formatos de acordo com as conveniências de cada época. Estatutos, CNPJs, diretorias, conselhos, juntas, concílios, reuniões, credos, manifestos existem e servem apenas enquanto não forem prioridades. O ensino de Jesus se baseava no amor a Deus e ao próximo. O discípulo de Cristo precisa ter uma experiência profunda de conversão,andar com Ele, e viver integralmente a missão de Deus. A Igreja de Cristo é constituída de discípulos comprometidos com Seus valores e Sua Palavra. A lógica empresarial da igreja negócio não se encaixa na proposta do Reino de Deus. Os pastores se dedicam ao cuidado das ovelhas de Cristo e as priorizam em relação aos programas, reuniões, construções. A Igreja é corpo de Cristo e vive o desafio de ser una todos os dias. A vivência comunitária é a resposta ao individualismo desta época. A Igreja de Cristo não objetiva o lucro financeiro, mas assume que uma vida vale mais do que todo o mundo. Os membros do corpo de Cristo não vivem para seus anseios, mas crucificaram com Cristo suas vontades para glorificar aquele que vive e reina eternamente. É dessa Igreja que faço parte, a instituição é uma contingência do tempo que vivo. Não vou ser mais ou menos integrante da Igreja de Cristo pensando apenas nos erros e acertos da igreja evangélica ou na igreja instituição. A Igreja de Cristo é maior que a instituição e sempre será.
por Mauricio Abreu de Carvalho (Diretor do Faculdade Teológica STBNET)
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