Os Sírios na Época de Naamã e Eliseu /
Depois do grande reino de Salomão houve um conflito entre os israelitas, e o reino foi dividido em dois, o reino de Israel (reino do norte) constituído de dez tribos, e o reino de Judá (reino do sul) com apenas as tribos de Judá e Benjamim. A Síria (não confundir com a Assíria, que era outra poderosa nação), estava localizada ao norte do reino de Israel, e pagava tributos ao rei Davi durante todo o seu reinado. Porém com a morte de Davi, os sírios reconquistaram a sua independência. O reino de Israel e os Sírios, chamados algumas vezes de Arameus, também estiveram envolvidos em guerras pelo controle das rotas de comércio por cerca de 150 anos. Damasco tinha intenção de aumentar os seus negócios, mas Israel controlava todas as grandes rotas dos países ao sul do Egito e da Arábia.
Entretanto, todo comércio deveria passar por Damasco, para chegar aos mercados dos ricos países que formavam a mesopotâmia, uma rota de vital importância estratégica para Israel. E neste contexto de interesses comerciais, ambos exércitos, tanto o de Israel e o exército Sírio, estavam constantemente engajados em batalhas pelo controle e hegemonia sobre tais caminhos por onde as caravanas com produtos passavam.
Naamã, o arameu, foi um general do exército sírio, quando Ben-Hadade II era rei da Síria (860 - 842 a.c.). Em 2 reis 5:1 encontramos expressões que descrevem sua personalidade, sua honra e sua habilidade no combate. "E Naamã, capitão do exército do rei da Síria, era um grande homem diante do seu SENHOR, e de muito respeito; porque por ele o SENHOR dera livramento aos sírios; e era este homem herói valoroso, porém leproso." 2 Reis 5:1 O rei era naquele tempo o comandante supremo, entretanto, colocava a frente do exército um general comandando suas tropas. As unidades eram geralmente formadas por 10, 50, 100 e 1000 homens. Cada oficial (sarim), comandava o gedud [do hebraico compahia], até 120 homens. Os generais, comandavam o deguel [do hebraico "uma divisão de exército"], com mais de mil homens. Mas como Naamã era o general de todo o exército Sírio, ele comandava o degalim [do hebraico milhares], que estavam sob suas ordens.
Mesmo com tanto poder e autoridade, havia algo que trazia embaraço a Naamã, ele era leproso. Naturalmente os leprosos eram vistos como incapazes, dignos de pena, e eram mantidos longe da população, isolados em aldeias para leprosos, não tinham mais contato com a família e a sociedade. Mas Naamã era um guerreiro fascinante, pois por meio dele os sírios já haviam recebido livramentos. Assim, foi mantido como chefe de suas tropas. E Naamã em sua necessidade de autoafirmação como líder de um poderoso exército, em um tempo onde havia uma aliança de paz entre a Síria e Israel (para combater um inimigo comum que se expandia e ameaçava a ambos, a Assíria), pratica uma incursão chamada de [razia], e leva cativa uma jovem israelita. A razia, diferente da guerra, não tinha por objetivo matar, mas apenas saquear e fugir sem sofrer danos. Era o "esporte" nobre do deserto e dos povos nômades e semi-nômades.
Os Sete Mergulhos de Naamã no Jordão /
O rio Jordão "aquele que desce", está localizado em um vale que constitui um fenômeno único no mundo. Na sua fonte, no pé do monte Hermom, ele está a 563m acima do nível do mar e quando deságua no mar morto atinge 392m abaixo do nível do mar. E realmente, para se aproximar de Deus, muitas vezes é preciso trilhar pelo difícil caminho da descida e humilhação. Se Naamã não deixasse o seu orgulho, a sua autopercepção de altivez, ele não teria alcançado a misericórdia.
Mas ele abre mão de tudo o que era, e passa a cumprir o mandamento divino, se submetendo ao batismo da humildade e do quebrantamento, que por sete vezes simbolizava virtudes espirituais que devem estar presentes na vida daqueles que desejam passar pelas águas da purificação e do Espírito de Deus.
Nos Sete Mergulhos de Naamã:
O primeiro era o mergulho do amor, pois o amor é humilde e tudo suporta, tudo crê;
O segundo era o mergulho que traz um profundo gozo que se manifesta no coração daqueles que tem o prazer de cumprir os mandamentos de Deus;
O terceiro mergulho trouxe a paz e a serenidade, pois Naamã sabia que estava debaixo da vontade e da proteção divina;
O quarto era o mergulho que exercitava a longanimidade e a benignidade, alimentados com esperança, produzida pela provação dos sete batismos nas águas do Jordão;
O quinto mergulho falava da bondade divina, que não cobrava nada para fazer o bem, antes tudo operava por graça e pela graça;
O sexto era o mergulho da fé. A fé que foi necessária para se chegar até aqui, a fé de que com apenas mais um mergulho a benção de Deus se manifestaria;
O sétimo mergulho era o da mansidão e da temperança que foram produzidas após a provação que despertou a esperança, que levou à fé, que trouxe a materialização da cura da lepra de Naamã.
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