Na noite desta quarta-feira (17) um homem branco invadiu uma igreja em Charleston, Estados Unidos, e atirou nos fiéis deixando nove mortos e três feridos graves. O local da tragédia foi o templo da Metodista Africana Emanuel, uma das igrejas mais antigas frequentadas pela comunidade negra da região. Dylann Roof, de 21 anos, participou do culto por cerca de uma hora, depois sacou a arma e começou a atirar nas pessoas. Preso pela polícia no dia seguinte, o jovem pode enfrentar a pena de morte. Segundo a imprensa, Roof era racista e falava sobre matar pessoas negras com frequência.
Preso pela polícia poucas horas depois dos assassinatos no Estado vizinho, ele se encontrou com os familiares das vítimas na audiência preliminar no tribunal de Charleston. O que aconteceu em seguida emocionou os Estados Unidos e rapidamente viralizou na internet. À medida que iam reconhecendo o atirador pelo circuito interno de TV do tribunal, todas as testemunhas disseram diante das câmeras que o perdoam. Um por um, eles usaram o microfone para se comunicar com o jovem que estava em outra sala. “Você tirou algo muito precioso de mim”, disse Nadine Collier, filha de Ethel Lance, 70 anos, morta na igreja. “Eu nunca mais vou falar com ela novamente. Eu nunca mais poderei abraçá-la novamente. Mas eu te perdoo. E que Deus tenha piedade de sua alma. Você me machucou e machucou muitas pessoas, mas eu te perdoo”.
Em seguida, o pastor Anthony Thompson, que perdeu a esposa Myra no tiroteio, afirmou: “Eu te perdoo, minha família te perdoa, mas gostaríamos que você usasse essa oportunidade para se arrepender. Arrependa-se, confesse e entregue sua vida para Cristo, Aquele que o mais importante de todos. Assim ele poderá mudar a sua vida, independentemente do que venha a acontecer com você”. Felicia Sanders, mãe de Tywanza Sanders, 26 anos, também morto dentro da igreja, convidou Dylann para voltar à igreja. “Receberemos você nas noites de quarta-feira em nosso estudo bíblico com os braços abertos. Você matou uma das pessoas mais belas que eu conheço… Cada fibra do meu corpo dói, e eu nunca mais serei a mesma. Tywanza Sanders era meu filho… Mas, como dizemos no estudo da Bíblia, nós apreciamos você. Que Deus tenha misericórdia de você”. O jovem não esboçou reação, mas em menos de 24 horas o vídeo postado pelo site Buzzfeed já tinha mais de 600 mil visualizações e dezenas de milhares de compartilhamentos no Facebook.
A notícia e o vídeo foram publicados pelos principais órgãos de imprensa dos Estados Unidos e da Europa. Os comentários nas redes sociais mostram todo tipo de reação. Há quem acredite ser “tolice” perdoar e que Dylann merece o inferno. Muitos apoiaram as famílias das vítimas e dizem que a ‘guerra racial’ só irá acabar com demonstrações de amor como essa.Em 2013, ocorreu um caso semelhante no Brasil, quando a evangélica Maria Nice perdoou publicamente Alisson Lima dos Santos, que matou seu filho. “Você está perdoado em nome de Jesus… Eu sou uma cristã… Você vai encontrar esse Deus que eu sirvo e você vai servir a ele. Eu não tenho um pingo de ódio de você, Alisson, eu só oro por você todos os dias… Você não me deixou olhar nos olhos do meu filho antes dele morrer, mas te perdoo”, afirmou ela na ocasião.
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