Colégio adventista é acusado de homofobia por expulsar aluna lésbica. Uma
aluna expulsa em 2010 do Instituto Adventista Brasil Central (IABC) no
distrito de Abadiânia, interior de Goiás, está processando a
instituição por homofobia dizendo que a decisão do colégio partiu por
ela ser homossexual. Arianne Pacheco Rodrigues, 19 anos, afirma que sua expulsão
aconteceu depois que os professores encontraram cartas de amor que eram
trocadas entre ela e outra jovem. Diante do caso a comissão disciplinar
formada por pastores e professores resolveu expulsar as duas alunas. O processo foi aberto pela jovem naquela época, pedindo uma
indenização no valor de R$50 mil por danos morais, mas a primeira
audiência só aconteceu há duas semanas. A jovem mora hoje com a mãe nos
Estados Unidos e de lá foram ouvidas pelo programa Fantástico que
abordou o tema. “Não tive chance de falar. Eu pedi só para eles uma chance, só que
eles falaram que não dava, porque eles não aceitavam aquilo no colégio,
namorar outra menina”, disse a jovem. A mãe de Arianne, Marilda
Pacheco, afirma que o objetivo da ação é tentar impedir que outras
crianças passem pelo mesmo processo de exclusão que sua filha foi
vítima. O IABC funciona em regime de internato, as crianças estudam e dormem
ali ao longo da semana e voltam para suas casas no final de semana.
Pelo relato da jovem ela chegou ao colégio em uma segunda-feira e foi
avisada por um pastor que ela teria que deixar a escola. “Eu fui segunda-feira para aula, e o pastor pegou no meu braço e
disse que eu iria embora naquele momento. Eu pedi para me despedir dos
meus amigos e ele falou que não. Já era para arrumar as malas. E eu fui
arrumar as malas”.
Colégio esclarece o fato dizendo que aluna infligiu regras
O Fantástico também ouviu a versão da direção do colégio que
explicou que o motivo do afastamento de Arianne não foi por sua escolha
sexual, mas por manter relações sexuais dentro das dependências da IABC. “A verdade é que ela infringiu uma regra clara da escola e, por
isso, recebeu a sanção do afastamento, a questão da intimidade sexual.
O afastamento do aluno independente se é um relacionamento homossexual
ou heterossexual. Ele recebe a mesma consequência”, declara o diretor
da instituição Wesley Zukowski. Além da prática sexual dentro da instituição, o colégio também pune
com o afastamento os alunos que usam drogas ou fazem o uso de armas. O
diretor também diz que foram outros alunos que relataram para os
professores o que estava acontecendo com as duas meninas.
OAB tenta usar o caso para alertar outras escolas
A Ordem dos Advogados do Brasil da seção de Goiás (OAB-GO), por meio
do presidente Henrique Tibúrcio, alega que mesmo tendo regras próprias
as escolas precisam levar em consideração primeiramente as regras do
Ministério da Educação e a Constituição. O posicionamento do órgão é contra a expulsão das alunas, condenando
a IABC. “A escola foi arbitrária. Não deu nenhuma chance de defesa às
alunas e o assunto não passou, não foi debatido pelo Conselho Escolar.
A expulsão não é permitida. Se no regimento da escola está escrito que
é possível haver expulsão nessa escola, esse regimento está contra a
Constituição”.
informações G1
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