Mateus 17.14-21
“A oração que Jesus ensinou” é o tema deste mês. Vimos que oração é o desenvolvimento de um relacionamento e exige persistência. Aprendemos também a importância de equilibrar a oração pelos nossos próprios pedidos e a oração pelos outros – intercessão. Nesta narrativa de Mateus vemos uma situação embaraçosa que os discípulos de Jesus não puderam resolver. Ao tentarem entender o que havia passado, encontraram a seguinte explicação do Mestre: “Mas esse tipo de demônio só pode ser expulso com oração e jejum” (v 21 – NTLH).
Jesus identifica que o motivo de não terem conseguido expulsar o demônio era porque não tinham fé suficiente, ou seja, não confiaram suficientemente no poder de Deus. Não confiaram porque não conheciam. Não conheciam, porque não tinham intimidade. Não tinham intimidade, porque não gastaram tempo para tal. E é aqui que reside o principal motivo do jejum acompanhado de oração: ele nos faz concentrar em Deus e nos aprofundar num tipo de relacionamento que as diversas distrações da vida nos impedem de desenvolver.
Jejum não é dieta para equilíbrio do organismo, regime para emagrecimento, prática ascética (ritual) para adquirir evolução espiritual, penitência para pagamento de pecados, aparência de espiritualidade, greve de fome para chamar a atenção, nem meio para barganhar uma bênção de Deus. O jejum é uma disciplina que nos conduz a fixarmos nossa atenção em Deus, nos ajuda a discernir coisas que nos controlam, nos deixa mais sensíveis às coisas espirituais, e sempre está vinculado à oração, para o que devemos dedicar tempo adequado.
A Bíblia nos traz inúmeros motivos para realizarmos jejum. O jejum pode ser feito como sinal de arrependimento (Deuteronômio 9.18), como sinal de luto (1 Samuel 31.13; 2 Samuel 1.12; 3.35), acompanhando um momento de intercessão (2 Samuel 12.15-23), em tempo de grande batalha (2 Crônicas 20.3), em busca de entendimento e discernimento das situações (Daniel 10.3,12), pedindo pelo cumprimento de uma missão (Esdras 8.21), clamando por um livramento nacional (Ester 4.16), ou em momento de intercessão por doentes (Salmo 35.13). Existe até o jejum contrário, ou seja, pessoas más que fazem jejuns contra a vontade e os servos de Deus (1 Reis 21.9; Atos 23.12,14), mas o que Deus aceita é aquele que pede uma mudança de coração e de atitudes (Isaias 58.3-7), para rasgar os corações e não os vestidos (Joel 2.13), caso contrário o próprio jejum seria rejeitado por Deus (Jeremias 14.12; Zacarias 7.5). Jejum pode variar de um dia (1 Samuel 14.24; 2 Samuel 3.35) a uma noite (Daniel 6.18), três dias completos (Ester 4.16), sete dias (1 Samuel 31.13), ou quarenta dias (Êxodo 34.28; Deuteronômio 9.9; 1 Reis 19.8) O jejum pode ser coletivo (Joel 1.14; Jonas 3.5) ou individual (Neemias 1.4), alimentar ou de atividades (2 Samuel 12.16), parcial (Daniel 10.3) ou total (Ester 4.16), periódico (Ester 9.31; Zacarias 8.19) ou único (Joel 2.12).
João Batista ensinou seus discípulos a jejuar com frequência (Marcos 2.18; Lucas 5.33). Jesus disse que seus discípulos jejuariam quando o noivo fosse tirado do meio deles (Mateus 9.14-15; Marcos 2.18-19; Lucas 5.33-35). De fato, o apóstolo Paulo é um dos exemplos de alguém que fez muito jejum (Atos 9.9; 13.2-3; 27.33; 2 Coríntios 11.27). Jesus também advertiu para que fosse lavada a face e que se ungisse a cabeça, a fim de que o jejum não fosse visto pelas pessoas, mas por Deus que vê em secreto (Mateus 6.16-18), ou seja, quando jejuamos estamos obedecendo a esse princípio espiritual afirmado e confirmado por Cristo.
De fato, muitas situações em nossas vidas precisam que a oração esteja acompanhada pelo jejum. Jesus mesmo teve um longo período de quarenta dias e quarenta noites de jejum e oração (Mateus 4.2), enfrentando pessoalmente Satanás. Vamos, portanto, orar e jejuar, pois a vitória certamente virá!
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