Grupos feministas estiveram em Brasília na segunda (23) e na terça-feira (24) para cobrar projetos para legalizar o aborto no país. Ministros do Supremo Tribunal Federal, parlamentares e ainda a ministra Eleonara Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres, conversaram com as ativistas. O discurso é sempre o mesmo, falam sobre “saúde pública” e acusam a criminalização da prática de ser a grande responsável pelas mortes das mulheres que procuram clínicas clandestinas para se desfazerem da criança que carregam.
“Criminalizando o aborto, mulheres continuam morrendo, em condições ainda mais vis. Tamanhas violência e humilhação colocam em xeque a igualdade de gênero e os direitos individuais”, diz trecho da carta assinada pelo grupo. Outro ponto repetido por elas diz respeito a religião, onde criticam o fato de instituições religiosas se posicionarem politicamente contra o aborto. “É preciso retirar o debate sobre o aborto do âmbito do dogmatismo religioso e das investigações policiais e acolhê-lo ao espaço dos direitos humanos”.
O encontro foi organizado usando dois casos recentes de mulheres que morreram em clínicas clandestinas no Rio de Janeiro. Uma delas foi Elizangela Barbosa, 32 anos, mãe de três filhos que resolveu abortar em setembro do ano passado e acabou morta com perfurações no útero e no intestino. O segundo caso aconteceu em agosto, também do ano passado, Jandira Magdalena dos Santos, 27 anos morreu enquanto tirava o bebê. O corpo foi encontrado dentro de um carro e já estava carbonizado, sem as digitais e sem a arcada dentária.
Além de se reunir com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, as ativistas também conversaram com os deputados federais Jean Wyllys (PSOL-RJ) e Jandira Feghali (PC do B-RJ). Wyllys protocolou nesta terça um projeto de lei que estabelece a política pública para saúde sexual regulamentando o aborto para gravidez indesejada. Assim que assumiu a presidência da Câmara Federal, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) deixou claro que não irá passar pelo Plenário pautas referentes a aprovação do aborto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário