Tenho escutado de pais, pastores, líderes e também de muitas mulheres e homens a mesma reclamação: “Esta pessoa não cresce, parece uma criança”. Além disso, tenho observado que muitos adolescentes que estão chegando à juventude ou até mesmo jovens, que não querem ter responsabilidades de um adulto, fogem em todo momento das exigências que a vida traz. Mas o que está acontecendo com esta geração?
A resposta pode ser que muitos estão vivendo a famosa “Síndrome de Peter Pan”. O nome dessa síndrome provém do personagem principal da peça “Peter and Wendy” de James M. Barrie, publicada em 1911, em que Peter Pan representa um rapaz que se recusa a crescer e passa a vida tendo aventuras mágicas. Esse personagem demonstrava algumas das características dessa síndrome, sendo a mais relevante delas a negação do envelhecimento. Essa peça serviu também de estudo ao Dr. Dan Kiley, que publicou em 1983, o livro “Síndrome de Peter Pan: O homem que nunca cresceu”, em que expõe essa síndrome baseando-se em alguns dos seus pacientes que demonstravam sinais de uma pessoa que nunca cresceu.
Acredito que a “Síndrome de Peter Pan” é fruto da desestruturação familiar, de uma mentalidade paternalista que tem dominado nossa sociedade e também de uma escolha pessoal, consciente ou inconsciente. Muitos pais acham que os filhos não devem ter responsabilidades. Por isso mesmo, superprotegem e acabam gerando neles uma personalidade que é eternamente dependente. Percebo que as pessoas que vivem como “Peter Pan” são sempre acomodadas e se acostumaram a ter tudo nas “mãos”, fugindo de responsabilidades e vivendo em busca de um caminho mais fácil. Essas pessoas pensam viver numa terra em que as crianças e os adolescentes nunca crescem. São eternos dependentes dos pais, financeiramente ou emocionalmente. Resumindo, não conseguem caminhar de forma independente, precisando sempre de alguém que caminhe por eles.
Como resultado dessa postura, os adolescentes e até mesmo os jovens, não têm nenhuma responsabilidade com a vida e com aquilo que é exigido deles. Não têm responsabilidade com o trabalho, organização dos afazeres de casa, não têm visão para um futuro melhor, não sabem lidar com o “não”, nem com a pressão, não têm compromisso com o horário e com a própria palavra. Fica, então, um grande desafio: romper com um estilo de vida de “Peter Pan”. A Bíblia diz em Romanos 12.2: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente [...]”.
Cabe aos pais reconhecerem que necessitam mudar de postura com seus filhos, permitindo-lhes viver de forma mais responsável, consciente e independente. Assim pouco a pouco os filhos terão mudanças determinantes. Finalmente, devemos nos lembrar de que, acima de qualquer pessoa e dos pais, a mudança depende muito de quem está vivendo como “Peter Pan”. É importante que cada um que adota essa postura tenha a consciência da realidade que está vivendo e saiba das conseqüências da permanência dessas atitudes, e escolha romper com a dependência dos pais, passando a assumir as responsabilidades de um adulto.
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