O pastor Silas Malafaia foi figura de uma reportagem internacional que abordou o cenário da crise política no país e o protagonismo exercido pelos evangélicos na condução política para a consolidação do governo de Michel Temer (PMDB) à frente da presidência da República. O jornal Washington Post, um dos principais dos Estados Unidos, considerou que os “cristãos evangélicos passaram de margem política para o centro”, formando uma “nova e poderosa força”. A boataria em torno do presidente interino de que ele seria um satanista foi destacada pelo jornal, que pontuou que “as origens dessa falsidade não são claras”, embora Temer, 75 anos de idade, seja “um cristão de ascendência libanesa maronita”.
“Tais rumores infligiram danos suficientes para que Temer se virasse para pastores evangélicos proeminentes pedindo ajuda. Eles o encorajaram a fazer um vídeo apelando para o apoio dos evangélicos”, noticiou o jornal. “‘Ele fez um belo vídeo’, disse o pastor Marco Feliciano, um congressista e líder pentecostal, que apareceu ao seu lado na gravação. ‘Ele pediu a igreja para orar por ele’, disse. As orações e pactos com pastores como Feliciano, forneceram o apoio tão necessário para Temer, dando uma influência sem precedentes ao crescente movimento evangélico, enquanto o Brasil passa por sua maior agitação política em décadas”, acrescentou o diário norte-americano, destacando que dois evangélicos ocupam a titularidade dos ministérios do Comércio Exterior e do Trabalho.
O Washington Post destacou o discurso evangélico de que o envolvimento com a política “não é um esforço coordenado para tomar o poder […] mas uma reação das bases contra o secularismo, homossexualidade e alterações introduzidas durante 13 anos do regime do Partido dos Trabalhadores, de inspiração marxista”. Sobre Silas Malafaia, o jornal o classificou como “principal televangelista do país” e “um dos mais severos críticos de Dilma”, a presidente afastada. O pastor afirmou que a fonte da ruptura foi um desentendimento sobre o papel do governo na formação dos valores dos brasileiros. “’Qual é o jogo?’, questiona Malafaia durante a entrevista. Controlar o Estado’. ‘Nós vimos que o comunismo estava em seu DNA’, disse Malafaia em sua espaçosa casa em um condomínio fechado nos arredores do Rio de Janeiro”, noticiou o Washington Post.
“Apesar da imagem do Brasil como uma terra de macarrão, biquínis e Carnaval, líderes evangélicos insistem que é um país moralmente conservador e dizem que a política brasileira está começando a refletir isso. ‘Muitos evangélicos no Brasil vêem seu país em grande parte da mesma maneira que a direita evangélica dos Estados Unidos’, disse Andrew Chesnut, um especialista da América Latina e professor de estudos religiosos na Universidade de Virginia Commonwealth. ‘Eles acham que Partido dos Trabalhadores põe o Brasil no caminho para a ruína moral. Foi legalizado o casamento gay. O Brasil, tem uma das mais elevadas taxas per-capita da América Latina de aborto, mesmo sendo o procedimento ilegal. Há pornografia por todo o lado. Um monte de brasileiros fora das grandes cidades são bastante conservadores moralmente, e a agenda evangélica concorda com eles'”, concluiu o jornal.
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