Instituições religiosas em diversas partes do Brasil investem em espaços para a recuperação de dependentes químicos. Em Campo Grande (MS) um desses espaços é coordenado pelo pastor Milton Marques que usa a Bíblia para tratar pessoas. O local simples, com alojamentos feitos por barracos de madeira e lona, mantido por doações. A Clínica da Alma, como é chamada, não tem profissionais da área de saúde e nem remédios, todo o tratamento é feito através da fé. Localizado a 20 km do centro da cidade, o centro de reabilitação tem hoje cerca de cem pacientes que são acompanhados pelo pastor Marques, que é ex-viciado em drogas. De acordo com a Folha de São Paulo os pacientes chegaram à Clínica da Alma por indicação de parentes ou após serem encontrados por fiéis da Igreja Tabernáculo da Glória.A rotina dos pacientes começa às 6h quando os monitores tocam um sino convocando todos os internos para participarem do culto matinal. Depois de tomarem café, os homens passam a realizar atividades como cuidar da horta e dos animais, além de fazerem as tarefas domésticas. Depois das atividades, por volta das 11h, eles descansam e almoçam e voltam às atividades até às 16h quando tomam banho e voltam a participarem de cultos, estudo bíblico e orações. Duas vezes por semanas os dependentes em tratamento ainda podem jogar futebol.
Os trabalhos da clínica foram investigados pelo Ministério Público Estadual (MPE-MS) que em abril instaurou um inquérito para apurar se os direitos humanos dos dependentes estavam sendo violados. O MPE-MS recebeu denúncias de que alguns dependentes eram mantidos em cárcere privado e que o pastor ficaria com metade do salário dos ex-viciados que conseguissem emprego depois de saírem da clínica. O Conselho Regional de Psicologia (CRP) também denunciou o local pela falta de um profissional de saúde acompanhando o tratamento dos dependentes químicos. O então presidente do CRP-MS, Carlos Afonso Marcondes, chegou a dizer que o tratamento oferecido na Clínica da Alma não seguia os critérios do SUS e que não era possível provar a recuperação de nenhum dos internos que passaram pelo tratamento com o pastor Marques.O religioso contesta as denúncias e diz que todos são livres para deixarem a chácara quando bem entender, mas os próprios colegas impedem para que os internos continuem o tratamento e voltem a recuperar suas vidas. Sobre a denúncia do CRP o pastor questionou: “Seria melhor se eles ainda estivessem na rua se drogando?”. Todo o tratamento é oferecido de forma gratuita para os interessados em deixar a vida de vícios.
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