“O temor do Senhor é o princípio da ciência; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução" (Pv 1.7).
Em mais este Momento do Pregador, estudaremos parte da literatura sapiencial judaica, isto é, os livros de sabedoria dos judeus que tratam dos conselhos divinos para a vida humana. Veremos o quanto eles são atuais e relevantes em seus ensinamentos. O objetivo é fazer um resumo a respeito dos elementos literários presentes nos livros dos Provérbios e do Eclesiastes. Sabendo-se, quando estes livros foram compilados nos tempos bíblicos, a cultura, a língua e o estilo literário eram opostos aos da literatura moderna.Compreender o estilo literário usado pelo compilador antigo é essencial para entendermos o sentido real do texto e evitarmos interpretações mirabolantes.
Quando falamos em conselhos logo nos vem a mente alguns ditados populares: "Águas passadas não movem moinhos"; "Água mole em pedra dura tanto bate até que fura"; "Quem espera sempre alcança"; "Mais vale uma andorinha na mão do que duas voando"; "Um homem prevenido vale por dez"; e muitos outros. Essas pequenas expressões contêm conselhos de uma cultura popular impregnada de valores éticos, morais e sociais, que acabam por dirigir as regras da vida em sociedade. A Bíblia como um livro cultural também é rica em provérbios, parábolas, enigmas e máximas. São pérolas usadas pelos autores bíblicos visando facilitar a transmissão cultural de uma verdade. Vale a pena destacar que esse recurso bíblico-literário não possui apenas seu valor cultural, mas também traz consigo a revelação da sabedoria divina. Muitos livros bíblicos são ricos nessas metáforas, mas o livro de Provérbios e Eclesiastes se sobressaem no uso desse recurso.
JOIAS DA LITERATURA SAPIENCIAL
O livro de Provérbios.
A Bíblia diz que Salomão compôs “três mil provérbios, e foram os seus cânticos mil e cinco” (1 Rs 4.32). O texto sagra do identifica Salomão como o principal autor do livro de Provérbios (Pv 1.1), mas não o único. O próprio Salomão exorta a que se ouça “as palavras dos sábios” (Pv 22.17), e declara fazer uso de alguns dos provérbios desses sábios anônimos (Pv 24.23). O livro revela que havia alguns provérbios de Salomão que circulavam nos dias do rei Ezequias, e que posteriormente foram compilados pelos homens deste piedoso rei (Pv 25.1). Por último, o livro de Provérbios revela que Agur, filho de Jaque, de Massá, é o autor do capítulo 30. Já o capítulo 31 é atribuído ao rei Lemuel de Massá. O livro pertence ao gênero literário hebreu conhecido como sapiencial, isto é, literatura da sabedoria. O livro de Eclesiastes. Eclesiastes, juntamente com Cantares, Jó, Salmos e Provérbios, também faz parte do gênero literário conhecido como “Literatura Sapiencial”. Sua autoria é atribuída a Salomão (Ec 1.1) (ver também capitulo 2, além disso, tanto a tradição judaica quanto a cristã
conferem a autoria do livro a Salomão). Embora escrito pelo filho de Davi e pertença ao mesmo gênero literário, o livro de Eclesiastes possui um estilo diferente de Provérbios. Ele se apresenta como um discurso usado em assembleias ou templos. Alguns intérpretes acreditam que se trata de uma coletânea utilizada por Salomão em seus discursos. Ao contrário do que muitos pensam, o livro de Eclesiastes não expõe uma espécie de ceticismo ou desencanto existencial. Salomão faz um balanço da vida do ponto de vista de alguém que teve o privilégio de vivê-la com intensidade, mas que descobre ser ela totalmente vazia se não vivida em Deus. A própria sabedoria, tão celebrada nos Provérbios, quando posta a serviço de interesses pessoais e objetivos mesquinhos é tida como tola.
O nome deste livro em hebraico é Cohélet, (reunião ou ajuntamento de pessoas).
O nome Eclesiastes é uma derivação fonética do termo grego Ekklesiastes, que aparece como titulo do livro na versão grega do Antigo Testamento, denominada Septuaginta. Provérbios e Eclesiastes são livros de sabedoria judaica que revelam, os desígnios eternos para a vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário